5 - DONA PUREZA RODRIGUES CÉSAR,  A MATRIARCA

 

               Dos filhos do Tenente José Rodrigues César, tenho boa lembrança de dona Pureza Rodrigues César de Camargo, de quem fui médico assistente em seus últimos anos de vida.

               Dona Pureza (NOTA DOS REVISORES: TIA-BISAVÓ PELO LADO MATERNO DE PAULO PINHEIRO MACHADO CIACCIA), filha do casal Justina Franco do Amaral e Tenente José Rodrigues César, nasceu em Piracicaba em 1º de novembro de 1858. Quando contava apenas três anos de idade, seus pais se mudaram para Botucatu. Aqui se criou, educou-se, casou-se e constituiu família.

              Aos dezenove anos de idade contraiu matrimonio com seu primo Augusto César de Arruda Camargo, fazendeiro local. Desse casamento nasceram os 13 filhos Maria Elisa, Carlos, Amália, Augusto César ( Nhonhô ), Dario, Mário, Risoleta, Flávio,     Antonio (Gijo), Octávio, Pureza, José e Álvaro. Essa grande prole multiplicou-se em netos, bisnetos, trinetos e tetranetos, que somavam centenas de descendentes. Era muito comum, nas reuniões familiares, a veneranda senhora dizer : - “Minha neta, sua neta está chorando”.

             Augusto César de Arruda Camargo, que foi Vereador em 1896 e político atuante, faleceu aos sessenta anos de idade, relativamente moço, numa família onde muitos eram os octogenários e nonagenários. Da filharada, ao que me consta, depois de adultos e chefes de família, faleceram Octávio, Dario, Mario e dona Amália, esta, viúva do Major Edmundo do Amaral, falecido aos 90 anos de idade, não há muito tempo, nesta cidade de Botucatu.

              Dona Pureza,  era o tipo daquelas respeitáveis matronas paulistas, damas que se constituíam em notáveis exemplos como esposas, mães, cabeças de famílias tradicionais, do velho São Paulo. Era largamente estimada em Botucatu, graças aos seus dotes morais e espirituais. Viveu intensamente a sua longa vida de criatura centenária, pois faleceu no dia 23 de novembro de 1961, aos cento e três anos de idade.

               A comemoração do seu centenário de nascimento, no dia 1º de novembro de 1958, foi um extraordinário acontecimento, uma verdadeira festa municipal. A venerável matriarca, em plena lucidez de espírito ( apesar de adoentada fisicamente ), foi vivamente festejada pela população local, pela grata efeméride em transcurso e tão rara de ser comemorada.

              A cidade em festas,  assistiu às solenidades religiosas e as festividades sociais, que assinalaram o centenário da mais velha e mais antiga moradora de Botucatu. Mais de mil pessoas ( portando laçinhos de fitas, identificando-as como ligadas à família César, por parentesco ), compareceram à solene Missa em Ação de Graças, oficiada pelo Exmo. Sr. Arcebispo Metropolitano, Dom Frei Henrique Golland Trindade, e depois à recepção no Clube 24 de Maio.

              O falecimento de dona Pureza gerou consternação geral. Não pelos longos anos acumulados, mas pela vida que deu ao século vivido.

              Dos filhos de dona Pureza, vivos e em atividades, tenho algo a dizer:

                Maria Elisa, com 92 anos de idade, é viúva do meu tio Capitão Alfredo Pinto Conceição, um dos primeiros farmacêuticos do velho Botucatu;

              Carlos, com 90 anos de idade, reside na Capital, São Paulo. Comerciante, residiu longos anos em Botucatu, onde exerceu marcantes atividades nos setores comercial e político. Foi Presidente da Associação Comercial.  Vereador à Câmara Municipal, em 1911, foi reeleito em várias legislaturas. Em difícil período da vida nacional, foi Prefeito Municipal de 06/03/1934 a 25/08/1935, tendo dado cabal desempenho ao seu cargo.

              Flávio,  foi meu companheiro de trabalho na Escola Normal de Botucatu, e, também, companheiro de lutas políticas. Ótimo funcionário. Cidadão de escol. Idealista, humanitário, era o braço direito das instituições de caridade de Botucatu. Era de se admirar o calor com que defendia suas convicções políticas, religiosas e sociais. Reside na Capital onde, também residem seus irmãos Augusto César , Antonio e José.

               Donas Risoleta e Pureza ( Zita ), residem em Botucatu, sendo que a dona Zita é professora aposentada e casada com o Prof. Mário de Almeida Góes. O caçula Álvaro, casado com Juraci Botelho, mora em Curitiba ( Paraná )

( Correio de Botucatu – 11/06/ 1970)

 


 
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