7 - O  TENENTE CORONEL FLORIANO RODRIGUES SIMÕES

 

                 Figura de projeção no velho Botucatu, foi o Tenente Coronel Floriano Rodrigues Simões. Seu nome está numa das ruas da cidade, na Vila dos Lavradores. Seu retrato figura na galeria de benfeitores da Santa Casa. Na Câmara Municipal, seu nome consta de vários livros de atas, que registram suas atividades como Vereador eficiente.

                O Tenente-Coronel Floriano nasceu em Piracicaba, aos 17 de outubro de 1851. Filho de Anna Ferraz Pacheco e Joaquim Rodrigues de Oliveira. Onde teria ele arranjado o sobrenome Simões? A  explicação encontramos num artigo publicado no “O ESTADO DE SÃO PAULO”, de 17/10/1951, onde se focalizava o centenário do honrado paulista. Nesse artigo consta que Floriano nasceu no dia de São Simião, e, por isso, seu pai ( católico fervoroso, resolveu lhe acrescentar o sobrenome Simões). Si Non é Vero. . .

                Moço, já tendo contraído matrimonio com dona Francisca de Souza Leite, deixou Piracicaba e veio p’ro sertão de Botucatu, que começava a ser desbravado. Como Gerente das fazendas do Barão de Souza Queiroz, residia na Fazenda do Sobrado, que até agora é ainda um enorme latifúndio.

               Em 1880 o moço piracicabano já estava em Botucatu. Segundo me contou Turíbio Vaz de Almeida, nesse ano, ele comprou de Joaquim Camilo ( aliás Joaquim Vaz de Almeida ), um terreno , onde construiu um sobradão. Ali onde está a Farmácia Glória. Na esquina da rua Cesário Alvim com a Moraes Barros. Depois, é que Veiga Russo construiu outro sobrado, na rua de cima, esquina da Moraes Barros, hoje residência de José Augusto Rodrigues.

               Em 1893, Floriano Simões formou entre os fundadores da Misericórdia Botucatuense, o primeiro hospital da zona. Foi braço forte do inolvidável Dr. Costa Leite. Em1895, vemo-lo integrando a comissão encarregada de instalar em Botucatu um Lyceu  de Artes e Ofícios. Esse instituto de ensino profissional seria entregue aos Padres Salesianos. Sua construção foi iniciada no Bairro Alto, onde ainda se encontram os enormes alicerces do grande edifício. Infelizmente, por questões de politiquice, anti-clericalismo  e incompreensões, a obra fracassou. Hernâni Donato, no seu magnífico “Achêgas para a História de Botucatu”, narra com detalhes esse triste episódio da vida botucatuense.

                 Homem de posses, caridoso, religioso, gozava da confiança das autoridades. Era o perito do Juiz de Direito, nas avaliações que se processavam no Foro local. Como Juiz de Paz, que foi durante longos anos, prolatava sentenças dentro de sua Alçada.

                Como “homem bom”, fatalmente teria de se meter em política. Republicano, pertenceu ao P.R.P. Militava na facção Amandista. Eleito Vereador e reeleito em várias legislaturas, soube honrar seu mandato.

                 Sobre a idoneidade moral e política de Floriano Simões, basta um fato para comprová-la.  Logo após a Proclamação da República, todas as autoridades estaduais e municipais foram destituídas. E, para governar os municípios, foram criados os Conselhos de Intendentes Municipais.  Floriano Simões integrou o primeiro Conselho Botucatuense.

               Floriano Rodrigues Simões, Tenente Coronel da Guarda Nacional, faleceu nesta cidade aos 17 de outubro de 1901. Deixou numerosa descendência. Foram seus filhos: Bráulio ( Nhô Lé ); Deolindo e Valério; Ana, casada com José da Silva Galvão; Natália Augusta, casada com Fernando do Amaral; Eudóxia,casada com Júlio Pinto Conceição; Donária, casada com o Prof. Liberato de Alencar e Deolinda, casada com Joaquim da Rocha Junior. Todos falecidos.

                O Prof. Liberato Martiniano Barreto de Alencar, sobrinho do romancista José de Alencar, foi Inspetor Escolar em Botucatu, durante muitos anos. Fernando do Amaral, um dos primeiros empresários cinematográficos, na terra, é pai do nosso amigo, Dr. Romeu Amaral Gurgel, advogado na Capital ( formado professor em 1914, na primeira turma da Escola Normal de Botucatu ).

                Em Botucatu, os únicos descendentes dos Simões, aqui residentes, são os irmãos Souza Pinto ( filhos de Júlio Pinto Conceição ), professora Irne, Floriano, Mercedes, Antonio, Odilon, Júlio, Silvio e João Batista.

                Também aqui reside, a professora Sonia Galvão de Campos, bisneta, descendente de José Joaquim da Silva Galvão ( o Juca ), há muito falecido.

( Correio de Botucatu – 18/06/1970)

 


 
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