13 - CORONEL RAPHAEL AUGUSTO DE MOURA CAMPOS

 

               Quem chegar à praça Coronel Raphael Augusto de Moura Campos ( do tempo do ph ), antiga praça da Liberdade, ali encontrará o busto do benemérito cidadão que foi um artífice do progresso de Botucatu. Praça Coronel Moura.

             Na praça Carlos Gomes ( antigo Largo do Rosário ), há o grupo escolar “Raphael de Moura Campos”. No salão nobre do Instituto de Educação, está o retrato do nobre varão. E no coração dos botucatuenses da minha geração, há um lastro de gratidão para aquele que foi um padrão de homem público.

             O Coronel Moura Campos, era de linhagem portuguesa, que atingia a nobreza lusitana. Descendia de velho tronco bandeirante. Nasceu em Tietê, a 28 de outubro de 1841. Seus pais foram João de Moura Campos e Ana Cândida de Souza. Era neto paterno de Raphael de Moura  Campos e de Emília de Arruda Campos. Bisneto foi do Ajudante de Campo Estanislau José de Abreu e de Ana do Amaral Campos. Trineto de Jerônimo de Almeida Abreu e de Leonarda de Moura. Como se vê, era gente de paulistas quatrocentões.

            Pelo lado materno, era neto de Ana Cândida Alves de Lima e Francisco Antonio de Souza, este, natural de Vila de Murça ( aldeia de Braga ), em Portugal. Bisneto foi do Capitão Lourenço de Almeida Lima e Manoela Baptista de Aranha. Está assim explicada, na genealogia dos  Moura Campos, a presença de dezenas de Anas e dos trinta e quatro Rapfael, de sobrenome Campos. Que o diga o Dr. Raphael de Moura Campos, conspícuo membro do Senadinho da Casa Royal.

            No velho Tietê, no dia 14 de julho de 1863, casou-se com sua prima Ana Joaquina de Arruda. Esta filha de João Batista de Souza e Salomé de Arruda Campos. Eu bem me lembro ( ainda bem menino na época ), das bodas de ouro do estimado casal Nhô Faé-dona Aninha. Marcaram época, nos anais da cidade, as festividades comemorativas.

            Em Tietê, Moura foi lavrador. Ocupou vários cargos públicos, tais como Vereador, Suplente de Delegado de Policia e Juiz de Paz. Em 1880, acompanhando a marcha para o oeste, no RUSH do café, mudou-se para Botucatu, onde se tornou grande fazendeiro.

            Lavrador, agro-pecuarista, foi uma das alavancas da terra que adotou. Empenhou todos os seus esforços e capitais, para o desenvolvimento da cidade. Tornou-se um líder da florescente cidadezinha. Gozava de imenso prestígio político no município e zonas vizinhas. Mas nunca quis ser Deputado, sempre apoiou o Cel. Amando de Barros, seu companheiro no velho PRP.

           Naqueles tempos duros e ásperos, onde as lutas políticas eram violentas e odiosas, Raphael Augusto de Moura Campos, já Coronel da Guarda Nacional, foi Vereador em várias legislaturas ( 1902 a 1913 ). Durante vários anos, foi presidente da Edilidade. Como Delegado de Polícia ( sub-delegado em exercício ),teve atuação decisiva na manutenção da ordem pública ameaçada por agitações políticas. Causou sensação a ordem de prisão que deu certa vez, ao Capitão Tito Correa de Mello, Deputado e poderoso chefe político local.

            Em suas atividades, o Coronel Moura foi sempre elemento de prol, nas iniciativas sociais. Fundador do Clube 24 de Maio, cujo primeiro Presidente foi o farmacêutico José Arnaud Paulino Pires. Sócio-fundador da Misericórdia Botucatuense.

             Na criação da Escola Normal de Botucatu, o Coronel  Moura empenhou todos os seus esforços junto aos homens do governo de São Paulo, que eram seus amigos. Em 1910-1911,  integrou a Comissão encarregada dos trabalhos de criação da Diocese de Botucatu e da instalação do Seminário Diocesano.

            Nas lutas políticas, entre Cardosistas e Amandistas ( os Chefes políticos eram primos ), a coisa fervia. E o pau comia de verdade. Em 1907, houve eleições municipais. Tumultuadas. Com um vale-tudo de amargar. E foi empossada, em princípio de janeiro de 1908, a Câmara Cardosista. Houve recursos. Barulho grosso. Hernâni Donato, historiador criterioso, assim comenta os fatos: “1908, Com as eleições, sobremodo tumultuadas realizadas em outubro do ano anterior, inclusive com atas falsificadas por uma das facções, a Câmara viveu momentos difíceis e somente se empossou definitivamente, mediante pronunciamento do Tribunal de Justiça, em 23/03/1908, com a posse de Raphael Augusto de Moura Campos, Amando de Barros, Antonio J. Carvalho de Barros, Teodomiro Furquim de Campos, Paulo Fernandes, Dr. Antonio do Amaral Cesar e Nicolau Kuntz. O primeiro ato desta Câmara, foi decretar a Lei n. 167, declarando nulos todos os atos da Câmara  que fora empossada, às pressas, em 15 de janeiro”.

( Correio de Botucatu – 09/07/1970)

 


 
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