16 - OS  TECCHIO, COCHEIROS E MOTORISTAS

  

              Em 1887, com os filhos e a esposa Maria Madalena Curtivo, chegou ao Brasil o senhor Alexandre Tecchio. Vieram todos, diretamente da Itália para Santos. Esses corajosos imigrantes foram encaminhados para Pirambóia. Para trabalhar na construção da Estrada de Ferro Sorocabana, cuja ponta dos trilhos tinha chegado àquela povoação. Trabalho duro, pesado, só para gente decidida.

              Alexandre Tecchio, algum tempo depois  mudou-se para Botucatu. Veio com a família, viajando de carro de bois. Levou vários dias de viagem. Agora, possuindo uma carroça e respectiva tropa, transportava café da Capela do Divino Espírito Santo do Rio Pardo ( hoje Pardinho ), para Botucatu, onde a Sorocabana já havia chegado. Nesse trabalho mourejavam os carroceiros Titon, Dromani, Vicentini, Roder e outros velhos imigrantes.

            O velho Tecchio terminou os seus dias de maneira trágica. No pouso da Vendinha ( na estrada velha de Pardinho ) morreu esmagado por uma carroça que tombara. Deixou os filhos: Caetano, Gilda, Clorinda, Túlio, Zoraide, Alexandrina e Alexandrino.

              Caetano, Túlio e Alexandrino Tecchio, foram cocheiros nos tempos de tração animal. Mais tarde passaram a motoristas ou chauffeurs, como então se dizia. Guiavam velhos fords de bigode, isto por volta de 1910. Os carros europeus não provavam bem nas buracadas ruas e estradas existentes.

           Caetano foi o “herói”, que trouxe o primeiro automóvel que espantou Botucatu. Depois é que vieram Benedito Delmanto, Gori e outros pioneiros. Quando os fedorentos e explosivos veículos rodavam pelas ruas, era de pasmar o Zé-povinho. A criançada corria atrás numa barulheira danada. Caetano foi casado com Vitalina Góis, já falecida, e deixou as filhas Leonor, Lili, Julieta e Maria, todas residentes em São Paulo.

           Alexandrino, o dono da primeira bicicleta que correu na cidade, era um camarada barulhento, alegre, extrovertido. Foi casado com dona Maria Emilia Sartori, filha de João Thomáz, o mais antigo morador do Bairro Alto. Alexandrino e a esposa são falecidos. Deixaram filhos Emundo. Mariquita, Epaminondas, Elpídio, Armando e Alexandre Neto. Os senhores Armando e Elpídio são funcionários do IBGE e da Caixa Econômica do Estado, respectivamente, sendo os únicos residentes nesta cidade.

             Túlio Tecchio, que foi motorista, ao falecer era dono de um curtume, lá onde era a Serraria do Vignati, no fim da rua Curuzu. Homem de temperamento explosivo, certa vez,  ou melhor certa noite ( no principio do século ) deu uns tiros na sede do “33 Contenti”, clube italiano, onde lhe barraram a entrada. Não deixou filhos.

            As filhas Clorinda, Gilda, Zoraide e Alexandrina, de há muito que são falecidas.

            Alexandrina, casou-se com Samuel Bechelli já falecido. Deixaram os filhos: Calimélio (médico), José, Mário, Bruno e Otávio, todos advogados.

             Clorinda, na Itália, casou-se com um senhor Micheletto, do qual houve o filho Gino, falecido há três anos. Zoraide foi casada com Luiz Cechetti. Não tiveram filhos. Mas criaram os sobrinhos Luiz Américo (Gigino) e Lourenço, filhos do casal Gilda e Lourenço Ferrari, este prematuramente falecido. Dona Gilda Tecchio enviuvou muito moça de Lourenço Ferrari.  Após a morte do marido regressou à Itália. E lá, contraiu matrimonio com o senhor Del Nero, constituindo outra família. Seus filhos brasileiros, como já dissemos,  foram Gigino, já falecido, e Lourenço, agro-pecuarista residente em Botucatu.

             Da descendência do velho Alexandre Tecchio residem em Botucatu os irmãos Elpíidio e Armando Tecchio e os descendentes de Luiz Américo, o Lourencinho Ferrari.

( Correio de Botucatu – 23/07/1970)

 


 
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