19 - O BACHAREL, O CORONEL  E  O MAJOR

 

               Há dias, recebi a visita de alunos do IEECA. Em trabalhos de pesquisas sociais, desejavam informes sobre os patronos das ruas Dr. Antonio do Amaral César, Major Nicolau Kuntz e Coronel Fonseca. Eis os dados que forneci:

DR. ANTONIO DO AMARAL CÉSAR

               É botucatuense. Filho do patriarca José Rodrigues César. Foi figura de destaque nos meios político-sociais, de 1890 em diante. Por isso tem seu nome numa das ruas da Vila Maria.

              Bacharel em Direito, advogou durante algum tempo. Em 1906, como substituto, ocupou a Promotoria Pública de Botucatu. Militando na política, no velho Partido Republicano Paulista, como representante de tradicional e prestigiosa família local, elegeu-se Vereador, no triênio 1896 a 1899. Foi re-eleito depois, em outras legislaturas. Em 1907, deixou a vereança para ser Deputado Estadual. Em 1898, foi Diretor ( administrativo ) da Misericórdia Botucatuense.

               Encabeçando uma lista de capitalistas locais, fundou e dirigiu a Empresa de Força e Luz de Botucatu, que tinha como Diretor Técnico o Engenheiro Manfredo Costa. Este,  construiu a represa do Rio Pardo, montou a usina elétrica e puxou a rede de fios pela cidade. Com grandes festas, a luz elétrica foi inaugurada em 03 de fevereiro de 1907, sendo Prefeito Municipal o Coronel Antonio Cardoso do Amaral ( Nenê Cardoso ).

              O Dr. César foi casado com dona Esmeralda de Andrade, tendo deixado os filhos Domingos, Armando e Ormindo de Andrade César, bom futebolista, era o famoso Bororó, do Esporte Clube Normalista e da A.A. Botucatuense.

CORONEL   FONSECA

              O cidadão Joaquim Gonçalves da Fonseca, Coronel, cunhado de Domingão Gonçalves de Lima, foi um dos grandes vultos do passado botucatuense. Foi casado em primeiras núpcias com dona Maria L. Franco da Fonseca. Residia, numa bela casa de estilo colonial, no bairro Alto, ali onde está a Escola Senac. É por isso, que a rua Coronel Fonseca ( nome dado em sua homenagem ), da cidade. Enviuvando, em segundas núpcias, casou-se com a professora dona Brazilina (Mimi) Fonseca.

               Com outros cidadãos botucatuenses, no dia  03 de março de 1870, nas notas do 1º Tabelião, por escritura pública, o Coronel Joaquim Gonçalves da Fonseca fazia doação de terras, para aumentar o patrimônio da cidade de Botucatu. Homem de prestígio; foi Vereador em várias legislaturas. Presidiu a Câmara Municipal de Botucatu, no ano de 1885. Foi Juiz de Paz no período de 1866 a 1868.

             No seu túmulo, no cemitério local, não consta a data do seu nascimento e nem a data do falecimento.

MAJOR   NICOLAU  KUNTZ

             Nicolau Kuntz, natural de Tatuí (SP), era filho do cidadão alemão João Nicolau Kuntz e da brasileira dona Maria das Dores Kuntz. Nascido em 1868, muito moço, se transferiu para Botucatu,  onde chegou em 1889. Dedicou-se ao comércio. Tinha uma loja no largo de Santa Cruz, num prédio que foi demolido para dar lugar ao belo Edifício da Caixa Econômica do Estado. Casou-se com dona Amélia Levy, filha do rabino Samuel Levy, judeu Francês. Desse casamento nasceram os filhos: Nicolau Kuntz Filho, dentista; prof. Zenon Kuntz e Maria Levy Kuntz, licenciada em Letras, pela Faculdade de Filosofia da USP. Todos são residentes na Capital.

            O Major Nicolau Kuntz ( da Guarda Nacional ), foi político da facção Amandista, do Partido Republicano Paulista. Vereador em vários triênios: de 1908 a 1911; de 1914 a 1916; de 1917 a 1919; e de 1920 a 1922. Foi sub-Delegado de Polícia. Como Prefeito Municipal, de 1919 a 1922, promoveu o calçamento da Rua Amando de Barros.

            O veterano político, tem uma rua na Boa Vista, com o seu nome. Era um homem calmo, bonachão. Não se amofinava com os reveses próprios das lutas partidárias. Mas houve uma ocasião em que, decepcionado grandemente, não escondia sua irritação ante a fragorosa derrota do seu partido, frente ao grupo cardosista. Isso ocorreu nas eleições municipais para o triênio 1923-25.

            Era um pleito duro. De prognóstico reservado. As forças se igualavam. E poderia haver até empate. Entretanto, os cardosistas habilmente dirigidos por Nenê Cardoso, venceram estrondosamente. Elegeram o Prefeito. Fizeram todos os Vereadores. E mais os três Juízes de paz. Nunca se viu coisa igual. Os amandistas, com todo seu poderio, ficaram a zero.

            A edilidade ficou composta pelos Srs. Abílio Alves Amarante de Almeida, Adeodato Faconti, Antonio Cardoso do Amaral, Carlino de Oliveira, Dr. João Candido Villas Bôas, Manuel Fernandes Cardoso, Octacílio Nogueira e Dr. Sebastião Villas Bôas. Os Juízes de Paz eram os Srs. Joaquim Leandro de Oliveira, Cap. José Paes de Almeida e Joaquim Batista de Souza. Prefeito,  foi o Cel Antonio Cardoso do Amaral.

             O Major Nicolau Kuntz, era apreciador de brigas de galos. Na rinha, apesar da sua reconhecida parcimônia, apostava forte nos seus galos. E quando no entrevero dos “índios”, os galistas aplaudiam as batocadas e soltas, era comum ouvir-se o grito de Nhô Quim Bonilha:- Tem vinte no pinto do Major!

( Correio de Botucatu – 02/08/1970)

 


 
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