25 - FERNANDO   DO   AMARAL   GURGEL

 

                 No arquivo geral da Cúria Diocesana de Botucatu, no livro número 04 à folha 29, encontra-se o assentamento do teor seguinte :- “Aos dezessete de agosto de mil oitocentos e oitenta e nove, em oratório particular, depois de feitas as diligencias do estilo, em minha presença e das testemunhas Dr. Antonio José da Costa Leite e Manoel Theodoro de Aguiar, por palavras de presente, receberam-se em matrimonio Fernando do Amaral Gurgel e Natália Augusta de Souza, filhos legítimos de: ele, de Sebastião Ignácio do Amaral Gurgel e Ana Miquelina do Amaral Barros, e ela de Floriano Rodrigues Simões e Francisca de Souza Leite. O contraente nasceu e foi batizado em Piracicaba e a contraente nesta paróquia, donde ambos são fregueses. Para constar, faço este assento. O vigário, padre Paschoal Ferrari”.

                 É preciso acrescentar, que ao tempo do casamento, o noivo Fernando do Amaral Gurgel ( o popular Fernandinho ), contava vinte e quatro anos de idade, pois nascera a 17/11/1864. A noiva, “Nhãnhã”, na intimidade, contava quatorze anos, nascida que fora em 07/03/1875. Naquele tempo era assim. Aos vinte anos de idade as moças já eram solteironas. .  . Os padrinhos eram duas figuras exponenciais do velho Botucatu. O Dr. Antonio José da Costa Leite foi o humanitário clinico que fundou a Misericórdia Botucatuense. Manoel Theodoro de Aguiar era o conhecido Manéquinho Mestre, líder do Laicato Católico, professor, e ao final de sua vida, titular do cartório do Partidor e Distribuidor da Comarca.

                 Fernando do Amaral Gurgel era negociante em Botucatu à época do casamento.  Para efeitos comerciais simplificava o nome. Cancelou o Gurgel, ficando simplesmente Fernando do Amaral, o popular Fernandinho.  Contava meu tio Nenem Bethelem antigo tabelião da Comarca, que o estabelecimento comercial de Fernandinho, para a caboclada, era a casa de Nhô Fernando.

                 Ainda solteirão, o moço piracicabano fundara uma fábrica de chapéus. E depois de casado, montou uma torrefação de café. Quando o cinematógrafo ( assim se falava antigamente ) apareceu no interior, ele fundou a empresa que mantinha um cinema no Pavilhão Ideal e outra no Teatro Santa Cruz ( mais tarde o queimado Espéria, na praça Emílio Peduti ). Como se vê foi pioneiro nas três atividades.

                 HugoPires, no seu apreciado livro de “Memórias de um Botucudo Engravatado” conta que Fernando do Amaral era muito amável com os rapazes da imprensa. Fornecia-lhes entradas grátis para todas as sessões dos cinemas. Até um jornalzinho manuscrito do Hugo, cuja tiragem era de cinco exemplares, era contemplado com uma  permanente. Isto a título de estímulo para o jornalismo, como dizia, sorrindo o bonachão Fernandinho.

                 Fernando do Amaral Gurgel, descendia de velho tronco bandeirante, os Amaral Gurgel, de Itu e Piracicaba. Nesta grande família paulista havia um Sargento-Mor Bento Amaral Gurgel, natural do Rio de Janeiro, conforme se vê na “Genealogia Paulista”, de Silva Leme – 1º volume – pg. 139. Como na família do nosso Fernando havia quatro pessoas com o homônimo Bento Amaral Gurgel, é o caso de se pensar que essa nossa gente se relacionava com o famoso estudante Bento do Amaral Gurgel, que, no período colonial lutou contra os franceses que invadiram a Guanabara. O Dr. Romeu do Amaral Gurgel, filho de Fernando, que gosta desses assuntos genealógicos, está investigando o caso, que é digno de estudo.

                 Do casamento de Fernando com dona Nhanhã, nasceram os seguintes filhos: Julieta do Amaral Pereira Pinto, que foi casada com Leôncio Pereira Pinto, já falecido, deixando sete filhos e treze netos; o Dr. Romeu do Amaral Gurgel, casado com Maria E. Conrado do Amaral Gurgel, tem cinco filhos e dezoito netos; Bento do Amaral Gurgel, falecido, que foi casado com Violeta do Amaral Gurgel, deixando três filhos : Maria Aparecida,viúva de Cristiano Rodrigues de Campos, com dois filhos; Thereza do Amaral Teixeira ,casada com Laurival Teixeira, com um filho e dois netos; Jenny do Amaral Pereira, viúva de Manoel Alves Pereira, que deixou duas filhas e três netos.

( Correio de Botucatu – 23/08/1970 )


 
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