31 - O  CLà DOS  VILLAS  BÔAS

 

              No principio do século 19, alguns portugueses, os Villas Bôas, se instalaram no sul de Minas Gerais. Mais propriamente em Santa Rita do Sapucaí. Esses lusitanos se entrosaram com famílias locais. E surgiram então Renós, Moreiras, Villas Bôas, família com grande projeção, havendo até um Presidente da República, Delfim Moreira, que era dessas famílias.

            No último quartel do século 19, os Villas Bôas se transferiram para São Paulo. Vieram formar lavouras de café. A onda verde se espraiava para as terras roxas na sua marcha para o oeste. Alguns foram para Espírito Santo do Pinhal e outros para Itapira, municípios lindeiros com Minas.

           Em 1887, o grupo de Itapira veio para Botucatu, onde se formavam grandes fazendas. Os Victoriano Villas Bôas, mineiros dos bons, botaram suas famílias em carros de bois e a cavalo e a pé, tocaram-se para cá. Gastaram quase um mês de viagem. Dormiam em barracas. Comiam paçoca, virados, carnes defumadas e o feijão de tropeiro, que preparavam nos pousos e paradas à beira d’água. Puro bandeirismo. Começa, então, uma vida nova para essa gente.

             FRANCISCO VICTORIANO VILLAS BÔAS, nascido em 1849, na cidade Santa Rita do Sapucaí, quando na terra natal, casou-se com a prima Maria Celestina Villas Bôas. Desse casamento, nasceram em Minas Gerais, os já falecidos  Maria Lucinda, João e Victoriano Freire. Em Botucatu, veio a luz, o José de Almeida Villas Bôas ( o único que assina Almeida ), nascido em 1888, na fazenda Sant’Anna, que os mineiros adquiriram logo que aqui chegaram.

            José de Almeida Villas Bôas, que reside em Botucatu ( rua Dr. Costa Leite ), nos seus 82 anos de idade, conta coisas interessantes daquele tempo. A fazenda Sant’Anna era de propriedade dos irmãos Francisco, José Victoriano e Joaquim Villas Bôas. Com o tempo a sociedade foi dissolvida. Em 1896, Francisco Victoriano foi para Itatinga, onde adquiriu a fazenda Bocaina. O Almeida criou-se na vizinha São João de Itatinga. Lá passou a maior parte de sua vida. Prosperando comprou a fazenda Maravilha, ainda de sua propriedade.

          José de Almeida Villas Bôas consorciou-se com da. Erasmina de Toledo, da tradicional família itatinguense, e já falecida. Do casamento nasceram os filhos: Maria Celestina; Profa. Maria do Carmo, casada com Pedro Gobetti; Profa. Maria de Lurdes, casada com Jayme Ferrari; Maria Lucinda; José Francisco, casado com da. Thereza Domingues; João Freire,casado com da. Maria de Lurdes Francisco; e Profa. Tereza, casada com Antonio Gonçalves. Muitos netos aumentam o clã dos Villas Bôas.

           Viúvo, por morte de da. Maria Celestina, em segundas núpcias Francisco Victoriano casou-se com da. Anna da Silveira, havendo desse casamento o filho Dr. Joaquim Benedito Villas Bôas ( Quinzinho ), médico, que residiu em São Paulo. Dr. Quinzinho faleceu moço. E deixou um filho, também Joaquim e médico. Pediatra conceituado na Capital. Com bastante idade, o velho Francisco Victoriano faleceu em São Paulo, onde foi sepultado.

            Almeida Villas Bôas conta que seus irmãos Victoriano e João Freire Villas Bôas, farmacêuticos diplomados pela tradicional Escola de Ouro Preto, MG, foram estabelecidos em Botucatu. Eram donos da Pharmacia Central, que funcionava no prédio onde está a Comipla, na rua Amando de Barros. Posteriormente a farmácia foi vendida ao Dr. Antonio Delmanto, na época  farmacêutico. João Freire foi para o Rio de Janeiro. Lá teve farmácia e lá faleceu, em estado de solteiro.

           Victoriano Freire ( o Vitu ), falecido há tempo, foi casado com da. Djanira Martins Villas Bôas, filha do Coronel Theófilo Martins, que foi dono da Fazenda Monte Selvagem. Dona Djanira faleceu há pouco tempo, em Guaratinguetá, em casa de sua filha Celeste, deixando outros filhos, entre eles Iêda, alta funcionária da Assembléia Legislativa de São Paulo.

             VICTORIANO VILLAS BÔAS, o Vitóca, era irmão de Francisco, José Victoriano e Joaquim V. Villas Bôas. Fazendeiro, parece-me que foi dono da Fazenda Córrego Fundo e da atual Chácara do Serra. Casado com da. Maria Cândida Pereira, ambos falecidos, deixaram os filhos: Dr. Sebastião, advogado e Vereador em duas legislaturas; Baptistina; Profa. Maria Benedicta (Nica) , casada com o Prof. Benedicto Cintra Pereira, residentes em São Paulo. O Dr. Sebastião Villas Bôas, falecido, solteiro, tem uma rua com seu nome num dos bairros da cidade. O professor Benedicto Cintra Pereira, foi meu colega de turma (1919), na Escola Normal de Botucatu. Acaba de se aposentar como alto funcionário do Banco Comercial do Estado de São Paulo.

( Correio de Botucatu – 24/09/1970 )


 
<< voltar