32 - CORONEL  JOSÉ VICTORIANO VILLAS BÔAS

 

            José Victoriano Villas Bôas e seu irmão, no ano de 1887, vieram para Botucatu, vindos de Itapira. José Victoriano que nasceu em Santa Rita do Sapucaí, Minas Gerais, em 1852. Já em 1888, em sociedade com seus irmãos Francisco e Joaquim Victoriano, era dono da Fazenda Sant’Anna, até agora em poder se seus herdeiros.

            O moço mineiro, pela sua personalidade e formação, pela sua atuação na vida pública, valor positivo da sociedade, tornou-se figura de destaque em Botucatu. Seu nome, pelos relevantes serviços prestados à coletividade, figura numa rua central da cidade.

           Foi lavrador a vida toda. Integrando-se na política, elegeu-se Vereador na Legislatura de 1905 a 1907. Mas o melhor da sua vida foi dado à assistência dos desvalidos da fortuna. Colaborador eficiente do Dr. Costa Leite, foi Presidente da Misericórdia Botucatuense por mais de vinte anos. Era daquele punhado de homens beneméritos, como Henrique Reis, Francisco Botti, Veiga Russo, Domingos Soares de Barros, Amando de Barros, Floriano Simões e outros, que sustentavam o Hospital. Por isso, seu retrato figura na galeria de benfeitores daquele  nosocômio.  Foi, também,  um dos esteios da criação e manutenção do Asilo da Mendicidade, que ampara a velhice doente e pobre.

            Católico praticante,  integrou a Comissão que em 1904 foi organizada para a criação do Bispado de Botucatu. Aspiração concretizada em 1908, pela bula pontifícia de 7 de junho daquele ano, teve como primeiro Bispo Dom Lúcio Antunes de Souza, nomeado em 20 de outubro do mesmo ano.

            O Coronel José Victoriano Villas Bôas era muito amigo do Padre Euclydes Carneiro, Vigário e Cura da Sé. Em 1925, Padre Euclydes se desentendeu com o Bispo Diocesano de então, Dom Carlos Duarte Costa. E este, removeu-o para uma paróquia distante. Padre Euclydes  (o fundador do Asilo de Mendicidade e apóstolo da pobreza), era idolatrado em Botucatu. E sua anunciada retirada causou tristeza na cidade. José Victoriano e outros vultos de projeção, organizaram comissões, movimentaram associações, imprensa, etc... para obter do Sr. BISPO, a reconsideração de seu ato. Nada. Então houve uma grande manifestação popular. Milhares de pessoas foram ao Palácio São José, pedir a permanência do Padre Euclydes no Curato da Sé. O largo fronteiro à residência episcopal, ficou completamente lotado. Dr. Sylvio Galvão, em patético discurso, pediu “pelo amor de Deus que não removessem o Padre”. Dom Carlos Duarte Costa, durão e turrão, respondeu:- “ Não pode ser. Padre Euclydes deve obediência. E vai para Piraju”.

            Um silêncio profundo seguiu-se à decisão do Bispo. Nisto estruge tremenda vaia. Acachapante. Grande desacato ao prelado ( muito moço ), que tombou na antipatia do povo. Quase houve violência contra o ORDINÁRIO ( revisor, eu escrevi com maiúsculas ), que só não se concretizou porque o Coronel José Victoriano, o Dr. Sylvio Galvão, o Professor Celso Dias e outros cidadãos respeitáveis, a isso se opuseram. Dois tipos populares, o Dito Tango e o Pé Branco, deram bananas a sua Excelência. Foi um escândalo. Dom Carlos tantas fez, que acabou sendo desligado da Igreja Romana. Com o titulo de Bispo de Maura ( titular ), fundou a Igreja Católica Brasileira. Faleceu há alguns anos, octogenário. Padre Euclydes já morreu, corporalmente. Mas seu nome vive no coração do povo. E o asilo se chama “Padre Euclydes”.

             O Cel. José Victoriano veio de Minas casado com sua prima da. Ana Celestina Villas Bôas. Faleceu em 1932, aos oitenta anos de idade, deixando os filhos: Dr. José Freire Villas Bôas, Leôncio, Francisco, Lucinda, Vitorinha e Iracema, todos falecidos; e mais Jandiro Villas Bôas, que é vivo e reside em Botucatu.

            Leôncio Villas Bôas,  farmacêutico e lavrador, foi casado com Nhazinha Morato, falecida, e deixou os filhos : Danton, funcionário do Banco do Brasil; Newton, Contador; Clauton, professores Milton e Dalton, falecidos. Leôncio, esportista, presidiu a A.A.Botucatuense por largos anos. Na Vila Rodrigues há uma rua com seu nome.

Dr. José Freire Villas Bôas, advogado e fazendeiro, falecido. Foi casado com Alice Pinheiro Machado Villas Bôas, recentemente falecida. São seus filhos: Professora Maria Miguel Villas Bôas  e Professora Maria Lúcia Villas Bôas, esta casada com o Professor Dr. Ignácio de Loyola Vieira Novelli. O Dr. Juquinha, como era familiarmente conhecido, boníssima criatura, foi militante no Foro local, onde também, foi Oficial do Cartório de Registro de Hipotécas e Imóveis”. No Bairro Alto há uma rua com o seu nome. O casal Professor Dr. Ignácio de Loyola Vieira Novelli e Professora Maria Lúcia Villas Bôas Novelli  tiveram o filho Dr. José Luiz Villas Bôas Novelli.

            Jandiro Villas Bôas, lavrador, reside em Botucatu. Casado com a Professora Dna. Carolina de Mello Villas Bôas, tem dois filhos: José Carlos Mello Villas Bôas e Antonio Carlos Villas Bôas, aquele funcionário da Secretaria da Fazenda, e este Lavrador. Jandiro, durante anos foi Secretario da Escola Normal de Botucatu. É o único filho, remanescente do casal José Victoriano-Siá Anica, esta falecida há muitos anos.

( Correio de Botucatu -  01/10/1970 )


 
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