45 - O MAJOR  ANTONIO PINTO

 

           O Major Antonio Pinto Nunes era meu avô paterno. Farmacêutico e sitiante na Capela, atual município de Pardinho. Português de nascimento – de Traz os Montes ou do Além Tejo – era brasileiro de coração a não mais poder. Veio menino para o Brasil.

          Os Pinto Nunes eram gente da velha cepa portuguesa. Deviam ter alguma projeção no reino, pois nas lutas entre Miguélistas e Pedristas ( 1831-1834 ), eles tomaram parte. E alguns deles, derrotados, foram enforcados pelos vitoriosos. Minha bisavó portuguesa, não gostava de falar do passado. E, por isso, pouca coisa sabemos. O que é certo, é que certo dia ela vendeu suas propriedades, arrebanhou os filhos, grandes e pequenos, e tocou-se para o Brasil. Para Piracicaba, onde acabou de criar a família e onde faleceu. Antoninho, conseguiu estudar. E ficou farmacêutico. Homem feito, casou-se com Rita Morato da Conceição, do patriciado paulista, gente dos Morato do Canto, da velha Piratininga.

           Antonio Pinto Nunes, Major da Guarda Nacional, veio para Botucatu. Para gerenciar as fazendas de alguns piracicabanos, isto por volta de 1870. Acabou se estabelecendo com farmácia no antigo Espírito Santo do Rio Pardo, onde viveu quase meio século. Lá nasceram os filhos Antonio, Alfredo, Júlio, Sebastião, Cícero, Maria, Carolina, Ritinha, Elisa e Albertina Pinto Conceição, todos falecidos. A marcha do tempo é inexorável.

           No final da vida, o Major Pinto Nunes ( que tem rua com seu nome, lá no Pardinho ),veio para Botucatu. E foi residir na chácara Santo Antonio, em Rubião Junior, chácara até agora em poder de seus netos, os Almeida Pinto. Meus avós faleceram em avançada idade, ele em 1917 e da. Rita em 1915. Da sua descendência é preciso dizer, que netos, bisnetos e trinetos, em grande número, vivem em São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.

             Os filhos Antonio ( Nhonhô ), Maria, Ritinha e Elisa, faleceram em estado de solteiros.

                CAROLINA, casou-se com o gaúcho Vicente Alves Teixeira, que vinha vender seus animais de cria, na feira de Sorocaba. Tia Carolina e Vicente Alves Teixeira, deixaram grande descendência. Seus filhos e netos e bisnetos, residem no antigo Contestado e no Rio Grande do Sul.

              ALBERTINA PINTO TRINDADE, por ter se casado com Laurindo, filho do Capitão Trindade, todos falecidos, deixou os filhos: Enéas, funcionário Municipal aposentado; Leonel, falecido, que foi casado com d. Aleida Garzezi; Plínio, alto funcionário dos Correios e Telégrafos, aposentado; Mário, professor da Escola Industrial de Sorocaba; Manoel,  bancário em Marília; e Izaura, casada com Antonio De Léo, funcionário da Câmara Municipal de Botucatu.

             O Capitão Alfredo Pinto Conceição, ( voluntário da Revolução de 1893 ), farmacêutico, já falecido, foi casado com d. Maria Elisa Camargo Conceição, que nonagenária, reside em Botucatu, e deixou os filhos: Edgard, farmacêutico; Maria Antonieta e Eponina, falecidos; César, Diretor da Anderson Clayton, na Capital; Vinício, bancário, e Alfredo Mário, Contador, residentes em Botucatu; Prof. Iná e Profa. Lygia Camargo Pardini, residentes em Botucatu. O Capitão Alfredo, foi dos primeiros farmacêuticos do Velho Botucatu.

              CÍCERO PINTO, falecido, foi casado com d. Marieta Pereira de Moraes, de tradicional família itapetiningana e que reside no município de Pardinho. Deixou os filhos: Maria Eunice, Dulce, Sofia, Leontina, Rita, Anita, Maria José, Mauricio, Darcy, Aprígio e Hélio, todos residentes em Botucatu.

              JULIO PINTO CONCEIÇÃO, foi casado com d. Eudóxia de Souza Conceição, falecida, deixando os filhos : Profa. Irene, Mercedes, Floriano, Antonio, Odilon, Júlio, João Batista, todos aqui residentes. De meu pai, Sebastião Pinto Conceição, falarei em outro capítulo, pois neste, o espaço está esgotado.

                Meu avô, português do tempo de Luiz Pinto, Conde, Pinhão, Manoel Viana, Tavares, Ferreira e outros, foi Juiz de Paz perpétuo do Pardinho. Como farmacêutico, tinha pendores para a Clinica médica, realizando até pequenas intervenções cirúrgicas, dada a carência de médicos na região. Drs. Costa Leite e Vital Brazil, os únicos, eram insuficientes para atender ao vasto município de Botucatu e redondezas e daí a necessidade do Major entrar em campo com os seus conhecimentos médicos. Foi ele um grande colaborador do Dr. Vital Brazil, nas pesquisas para a descoberta do soro antiofídico.

              Meu avô amava o Brasil, ao qual serviu magnificamente. Legou aos seus descendentes, uma tradição de probidade, lealdade à palavra empenhada e convicções filosóficas, que constituem o maior galardão da sua gente.

( Correio de Botucatu – 31/12/1970 )


 
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