54 - DONA IZABEL FRANCO DE ARRUDA

 

           Há dias, amável leitor, comentando esta série de artigos, frisou a influência de Piracicaba, na formação de Botucatu. Hoje, confirmando a observação do conterrâneo, vou focalizar mais gente da antiga Vila Nova da Constituição, influindo na vida botucatuense. Trata-se de dona Izabel Franco de Arruda (NOTA DOS REVISORES: TIA TRISAVÓ PELO LADO MATERNO DE PAULO PINHEIRO MACHADO CIACCIA).

          A bela praça ajardinada em frente à Misericórdia Botucatuense, chama-se “IZABEL DE ARRUDA”. O Pavilhão, de mulheres da Casa Santa ( mas não é Santa Casa), tem o nome de “Izabel de Arruda”. São homenagens à boníssima criatura, que tanto serviu Botucatu. Eu a conheci, já no fim da sua preciosa existência. E, por isso, posso subscrever o que dela disse o Almanaque de Botucatu – anos de 1919/1922 – ( publicação do jornalista Augusto de Magalhães ), que assim a retratou:

                               D. IZABEL FRANCO DE ARRUDA

           “Natural da Villa da Constituição, hoje Piracicaba. Nasceu aos 19 de novembro de 1835. Mudou-se para a cidade de Botucatu aos 24 de maio de 1875, sendo portanto,  residente dos mais antigos do lugar. Dona Izabel Franco de Arruda,conta, atualmente,21 netos e 35 bisnetos. Apresentamos abaixo, a árvore genealógica dessa ilustre família :-

          Pelo lado paterno, dona Izabel é filha de Antonio Franco do Amaral, neta do Capitão Francisco Franco da Rocha, bisneta de João Franco da Rocha, tataraneta do Capitão Bartholomeu da Rocha Pimentel, cujos ascendentes são: Pedro da Rocha Pimentel, João Ferreira Pimentel, João Ferreira Pimentel de Távora  e Vicente da Rocha Pimentel, todos de provada nobreza. Pelo lado materno: sua mãe é dona Francisca de Arruda Penteado, filha de José de Camargo Penteado, neta de José de Camargo Paes, bisneta de Thomaz Lopes de Camargo, tataraneta do Capitão-Mor Antonio Correia de Lemos, cujos ascendentes foram: o Capitão Fernandes de Camargo e Fernando de Camargo –o tigre.

           Dona Izabel Franco de Arruda foi casada em primeiras e únicas núpcias com o Coronel Rodrigo Dias  Ferraz Aranha, de cujo consórcio houve sete filhos:- Rodrigo Dias de Souza Aranha, Olympio Franco de Souza Aranha, Carolina e Corina, já falecidas ; Coronel João Rodrigo de Souza Aranha,casado com dona Amélia de Barros Aranha; Maria Izabel de Souza Castro, casada com Joaquim Benedicto de Castro, e dona Francisca de Souza Aranha Caldeira,  casada que foi  com o Coronel Caetano da Cunha Caldeira.

          Dona Izabel de Arruda, virtuosíssima senhora, tem o seu nome ligado indelevelmente a muitas obras que lhe põem a descoberto a grandeza do coração.

          Nesta página, nada mais fazemos que cumprir uma justiça às pessoas que mais se tenham destacado, demonstrado impulsoras dos progressos de nossa terra, em cujo número collocamos a exma.sra. d. Izabel Franco de Arruda”.

          Isso foi o que escreveu o jornalista maranhense, que então andava por aqui. O que ele não particularizou, mas eu vou dizer, foi que a virtuosa dama paulista fez doação de vultosa quantia ( hum milhão de cruzeiros novos, na moeda atual ), possibilitando a construção da Misericórdia Botucatuense, o primeiro hospital da zona. Com esse donativo, e mais o que doaram os beneméritos Domingos Soares de Barros e Veiga Russo ( sem esquecer os benfeitores menores ), o inolvidável Dr. Costa Leite, em 1901, pode inaugurar o magnífico hospital que tantos benefícios presta ao povo de Botucatu. Além disso, dona Izabel era o amparo da pobreza e das instituições pias da caridade. Seu retrato e o do filho João Rodrigo e nora dona Amélia, estão na galeria de benfeitores da Misericórdia.

          Dona Izabel Franco de Arruda ( era irmã de Justina Franco do Amaral, casada com o Tenente José Rodrigues César), em avançada idade, faleceu na Capital. Está sepultada em Botucatu, no jazigo da família, logo à entrada do cemitério. Seus descendentes não mais residem em Botucatu. Deles, tenho lembranças de Clodoaldo Caldeira e Dr. João Barros de Souza Aranha ( médico legista na Capital ) que foram renomados esportistas do passado. O Coronel João Rodrigo, foi dono da Fazenda Boa Esperança, atualmente propriedade do Prof. Joaquim Amaral Barros. João Rodrigo foi Vereador à Câmara Municipal de Botucatu, nas legislaturas de 1902/1904; e 1905/1907. Caetano da Cunha Caldeira, ao seu tempo, foi o político de maior prestígio em Botucatu. Dele voltarei a falar.

( Correio de Botucatu – 04/03/1971 )

 


 
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