64 - A  FAMILIA VAROLLI

(Continuação)

 

                 Quando Giuseppe Varolli, em 1860, mais ou menos, chegou a Botucatu, montou uma alfaiataria, na qual trabalhava com os filhos Pio, Aleixo e Xisto. Ao fim de algum tempo, Aleixo deixou o oficio e tornou-se industrial. Montou uma fábrica de bebidas. A iniciativa frutificou. Surgiu uma grande indústria. Que funcionava em enorme prédio próprio, na rua Curuzu. Ali onde estão o Instituto de Cegos, a Oficina Lopes e várias residências. O terreno ia até a rua do Sapo ( Rangel Pestana ).Aleixo enriqueceu. E tornou-se um líder da colônia italiana. Influía, igualmente, na política local. Foi Chefe Hermista, durante a campanha civilista, na qual Rui Barbosa postulava sua eleição à Presidência da República. Aleixo Varolli, Manuel Nunes, Candido Bernardes Villas Bôas, Francisco Pinheiro da Silva, Jorge Pinheiro Machado e outros, integravam o Diretório Hermista, que se batia pela eleição do Marechal Hermes da Fonseca ( foi eleito ) Presidente da República, isto em 1910.

                  Aleixo Varolli, na cidade de Itu, casou-se com dona Francisca Grôcco, viúva de um Sr. Poggi, do qual houve dois filhos: Conchetta e Angelo Poggi. Os filhos deste último,  foram meus colegas no grupo escolar “Dr. Cardoso de Almeida”.

                Em 1914, Aleixo Varolli foi passar uma temporada na Itália. Havia adquirido uma fazenda em Parma, perto de Pontremolli, terra de onde havia encaminhado para o Brasil os patrícios Botti, Bertocchi, Buzarcca, Mori e outros pontremolensis conhecidos.

                Em 1914, estourou a primeira grande guerra mundial, que durou até 1919, e na qual a Itália estava envolvida. Aleixo Varolli ficou retido por lá, com dificuldades para voltar. Da. Chiquinha foi visitá-lo, em 1916. E além de café, levou ingredientes para uma feijoada. Em pleno inverno ( com neve de metro nas ruas ) Aleixo ofereceu uma feijoada completa aos amigos. Depois de pesada refeição, em alegre almoço, os convidados se retiraram. O anfitrião sem agasalhos acompanhou-os até o próximo ponto de condução. Foi uma grave imprudência. Aleixo apanhou uma broncopneumonia ( naquele tempo não havia antibióticos ) e faleceu, aos 63 anos de idade. Foi sepultado por lá, longe do Brasil, que amava como sua segunda pátria e berço de suas filhas. Dona Chiquinha mais tarde regressou ao Brasil. Faleceu aqui em Botucatu, onde está sepultada, aos 93 anos de idade.

              Aleixo Varolli deixou as filhas: Albina Botti, Leonilda Faconti e Maria Delmanto, todas falecidas, sendo a última a pouco tempo.

                A filha Albina casou-se com Francisco Botti, negociante, excelente pessoa. Um grande coração. Um benemérito, que tem o seu retrato ( e o da esposa também ), na galeria de benfeitores da Misericórdia Botucatuense. Era Cav.UFF. da Coroa Italiana. Foi Gerente do primeiro banco que funcionou em Botucatu – o Banco Francês e Italiano para a América do Sul. Botti e dona Albina,  falecidos em São Paulo, deixaram os filhos: Mário, banqueiro, falecido; Carlos, engenheiro, tragicamente morto em desastre de aviação, quando pilotava um monomotor de sua propriedade; Júlio, Afonso e Anita, casada com Renato Petroso, pioneiro da aviação civil.

                Dona Mariquinha Varolli, foi casada com Pedro Delmanto, sendo ambos falecidos, com mais de noventa anos de idade. Pedro Delmanto, homem ativo, fez muitos investimentos: teve sapataria, montou uma fábrica de calçados e um curtume hoje dos Losi. Foi fazendeiro. Mas o seu maior investimento foi na instrução dos filhos. Formou-os todos, dando-lhes títulos universitários.

                 O Dr. Aleixo Delmanto, médico, formado pela Universidade de PARMA ( Itália ), é bom clinico e ótimo radiologista, acatado nos meios científicos da Capital, como excelente profissional.  Além disso é apreciado beletrista, eloqüente orador, dono de vasta cultura humanista. Seu filho Rubens é médico e a filha Glória é professora.

                  O Dr. Antonio é médico. Conceituado cirurgião. É membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões ( capítulo de São Paulo ) e da Academia de Medicina de São Paulo. É também, membro do Conselho Superior da Faculdade de Ciências Médicas de Botucatu, como representante da Comunidade. Foi Vereador e Presidente da Câmara Municipal de Botucatu, sendo inegável seu prestigio político. Fundador e sustentáculo do Albergue Noturno, demonstra seu espírito humanitário. Durante largos anos esteve à frente da Misericórdia Botucatuense, da qual foi médico e Diretor Clínico. Seus filhos, Armando, universitário, Fióquinha ( professora ) e Dr. Décio, cirurgião-dentista, residem na Capital.

                  O Dr. Orlando Delmanto, que era médico oftalmologista, faleceu moço. Deixou bom nome em Santo André, onde há pouco recebeu homenagem póstuma da Municipalidade.

                  Os Drs. Dante e Belvar Delmanto, são advogados na Capital. Dante Delmanto, criminalista de fama, um dos grandes no Brasil, foi Deputado Estadual e como esportista, presidiu o Esporte Clube Palestra Itália, hoje S.E. Palmeiras. Seu filho Celso Delmanto, também advoga na Capital.

                  As Professoras Wanda e Peggy Delmanto residem em São Paulo. Dona Wanda é casada com o Dr. Antonio Guimarães, Delegado de Policia na Capital.

( Correio de Botucatu – 04/06/1971 )


 
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