65 - A   FAMÍLIA   VAROLLI

(Conclusão)

  

                     Focalizando a Família Varolli nestes últimos capítulos, para terminar, hoje, vou falar sobre o casal Leonilda Varolli e Adeodato Faconti.

                        Como já foi dito, dona Leonilda Varolli era filha de Aleixo Varolli. Moça de rara formosura e aprimorada educação, em viagem pela Europa, a passeio, conheceu o moço Adeodato Faconti, que era de Pontremolli, terra de Aleixo Varolli. E com ele, em 1908, veio a se casar, em Botucatu. Desse casamento nasceram os filhos: Oberdã, jornalista em Santos; Raul Tigrani, eletro-técnico, residente em Santos; Antonio, representante comercial, residente em Londrina ( Paraná ); Eduardo, eletro-técnico, residente em Botucatu, e a Professora Mirian Ana Prófuga Faconti, viúva do médico Dr. Grazielo de Noronha, residente com os filhos na cidade de Avaré. Dona Leonilda faleceu há tempo e o Sr. Faconti reside em Botucatu, em companhia do filho Eduardo.

                      Adeodato Faconti, nascido em Pontremoli ( Massa-Carrara ) aos 28 de fevereiro de 1877, fez seus estudos clássicos naquela cidade italiana. Tornou-se senhor de grande cultura. E dedicou-se ao jornalismo, tanto na Itália como na América do Norte, onde residiu com o irmão Batista, na cidade de Nova York, de 1905 a 1907. Veio, depois para o Brasil, e em Botucatu, casou-se com dona Leonilda. Sem deixar suas atividades literárias, foi industrial e fazendeiro. Era um dos líderes da Colônia Italiana,onde,pela sua combatividade, pela palavra falada ou escrita,exercia intensas atividades. Integrado plenamente na coletividade brasileira, e porque as leis de então o permitiam, militou intensamente na política local. Era do PRP, da facção Cardosista. Foi Vereador à Câmara Municipal local, de 1923 a 1928. Depois da Revolução de 1930, afastou-se das atividades políticas. Mas, seu trabalho literário continuou, projetando o nome de Botucatu intelectual lá fora, como se verá pela relação de sua bagagem literária abaixo publicada.

                       Em 1965, num aplaudido gesto da Câmara Municipal e da Prefeitura Municipal de Botucatu, o Sr. Adeodato Faconti recebeu o titulo de “Cidadão Botucatuense”. Honra ao Mérito, foi o ato dos poderes públicos locais, considerando-o Botucatuense “AD HONOREM”, pelos relevantes serviços prestados à cidade e ao povo, em sessenta anos de dedicação e trabalhos, em prol do berço de seus filhos.

                      Adeodato Faconti, aos 94 anos de idade, continua em plena e pujante produção intelectual. Agoa mesmo, lançou à luz da publicidade um interessante trabalho, - “O Último Passeio de Jesus Cristo Sobre a Terra” escrito em janeiro de 1971.

                        Sua bagagem literária, compreende duas fases: na Itália, até 1905, e no Brasil, de 1908, até agora. São obras em italiano e em português. Compreende romances, ensaios e memórias. Dramaturgo,  produziu belas peças teatrais. Como exemplo, posso citar o drama “Sangue Brasiliano”, que depois de representado em Botucatu, foi levado à cena no Teatro Sant’Anna, em São Paulo, com grande sucesso.

         OBRAS DE ADEODATO FACONTI

“Os Proletários” – ensaio, Florença, 1899

“Roma Neroniana” – páginas históricas – Florença – 1899

“Antes de Maciovic” – episódio épico polonês – Florença – 1902.

“Mirta Flavien” – romance, com prefácio de Henrique Sienkiewtiz, autor do “Quo Vadis” – Florença – 1905

“Aurora de Paz” – alegoria histórica, peça em um ato.

“O Capelão da Camisa Vermelha” ou um ensaio do Hino de Garibaldi, peça em dois atos.

“O Leproso” – drama em cinco atos.

“Sangue Brasileiro” – drama em dois atos.

“O Sino de XX de Setembro” – comédia espírita ,em dois atos.

“Miséria e Honestidade” – comédia em um ato.

“O Soldado Desconhecido” peça em um ato.

“Os  Mardocheos” – comédia satírica em cinco atos.

“Amor e Morte” – drama em um ato.

“A Marcha dos Mortos em Botucatu” ( narração macabra )

“Os Italianos no Brasil” – memórias de outros tempos –

Trilogia : Anita Ribeiro Garibaldi, A Retirada da laguna e o Contrabandista.

Comemoração da Festa do XX de Setembro, feita pelos italianos e brasileiros mortos, no cemitério de Botucatu.

“Remexendo os Meus Rascunhos” – 1965 – memórias.

                         Neste último trabalho há uma dedicatória, que vale a pena transcrever : - “Ao Dr. Dante Delmanto, jurisconsulto insigne que, desde o inicio de sua carreira às lisonjeiras ofertas de uma política desonesta, preferiu, para atenuar o rigor da justiça, intervir com o recurso de sua inteligência e com o fascínio de sua palavra fecunda, em favor das vítimas das humanas paixões, a fim de não lhes esvaecer a esperança de poder ressurgir numa vida nova no meio do consórcio civil.

( Correio de Botucatu –10/06/1971 )


 
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