67 - O   PREFEITO   TONICO  DE  BARROS

 

                  Entre as figuras de destaque do velho Botucatu, é de se destacar a do Coronel Antonio de Carvalho Barros. Era de Capivary ( SP ). Foi casado com dona Liduína Campos de Barros, que, segundo informes de seu neto Afonso, era de Piracicaba. Em 1860, mais ou menos, com alguns filhos, Antonio de Carvalho Barros estabeleceu-se em Botucatu. Veio na crista da onda verde dos cafezais, que se espraiavam pelo altiplano paulista. Foi fazendeiro forte. Dono de muitos escravos. Diziam, que como senhor de escravos, era dos duros.

                   Pioneiro, homem corajoso,  formou lavouras de café, desbravando a mata virgem. Foi dono da Fazenda Monte Selvagem ( hoje do Chiquitinho Luizetto ). Era fazenda de quatrocentos mil pés de café. Além disso, foi dono de Fazendas no Pardinho, como conta Valêncio de Aguiar. Tinha uma boa chácara, ali ao lado da Misericórdia. E possuía prédios residenciais. Como se vê, era homem de grandes haveres.

                   O Coronel Antonio de Carvalho Barros devia ter feito política, como pessoa importante que era, dando bases para os filhos, que, mais tarde, aparecem na história política de Botucatu. Mas, ao que consta, nunca foi Vereador ou Juiz de Paz. O Coronel ( da Guarda Nacional ), sempre aparecia à frente dos notáveis empreendimentos que beneficiavam a cidade. No meu arquivo, tenho uma fotografia histórica, em que ele aparece ao lado dos Coronéis José Victoriano Villas Boas, Antonio Cardoso do Amaral ( Nêne Cardoso ), Domingão de Lima, Rafhael Augusto  de Moura Campos, Amando de Barros, e mais o Padre Ferrari, Vigário de Botucatu. Constituiam eles a comissão criada em 03/07/1904, para a instalação do Bispado de Botucatu. Sua atuação no município devia ter sido eficiente, pois há uma rua do bairro da Boa Vista, com o nome de Coronel Antonio de Carvalho Barros.

                 Ao falecer em 1925, nonagenário, e já viúvo, deixou os filhos: Napoleão, Antonio José, Estevam, José Elias, João, Lúcio, Elisa (casada com Arthur Chagas ). Nhanhã ( casada com Felício Fagundes ) e Izabel ( casada com o Major Freire ). Todos os filhos já são falecidos. Dos descendentes do velho patriarca, com exceção de Antonio José, não há  muito o que contar. Ou faleceram, ou se mudaram para outras terras. Aqui em Botucatu, atualmente, só residem os netos ( filhos de João de Barros ), Sebastião, ferroviário aposentado, e Afonso, funcionário da Delegacia do Ensino Básico.

                   Napoleão de Barros foi Oficial de Registro de Títulos e Hipotecas, Cartório que é hoje do Dr. Dalton Ferraz. Estevam, Lúcio e João de Barros, foram fazendeiros. De Lúcio de Barros, que era perdulário, contam, que acendia charutos com notas de quinhentos mil réis, um dinheirão para a época. O tenente Coronel da Guarda Nacional Antonio José de Carvalho foi o

PREFEITO   TONICO   DE   BARROS

                   Botucatuense, como o pai foi fazendeiro. Em política era do famoso PRP, da ala amandista. Foi Vereador em várias legislaturas: de 1902 a 1916. Foi Prefeito Municipal por duas vezes. A primeira, de 1908 a 1910. E a segunda, de 1914 a 1916. Para a época, foi bom Intendente. E mereceu ter seu nome na placa que diz: Rua Prefeito Tonico de Barros.

                    Homem probo, trabalhador, fez administração criteriosa, senão brilhante, pelo menos honesta. Pos em ordem os negócios da Municipalidade, cujo crédito solidificou. Cuidou da cidade, melhorando o serviço de águas. Construiu o jardim fronteiro à Catedral, inaugurado em 1916. Lavrador,  conservou as estradas da zona rural.

                    Retirando-se da vida política, Tonico de Barros mudou-se para São Paulo, onde veio a falecer. Deixou viúva dona Maria José Conceição ( Nhazinha ), de tradicional família paulista, a dos Conceição Cunha. Seu sogro Bráz Bernardo da Cunha, tem muitos descendentes em Botucatu. O casal não deixou filhos.

                 Nhazinha de Barros se tornou benemérita da Misericórdia Botucatuense. Quando faleceu, legou todos os bens que possuía à nossa Santa Casa. Tal gesto de filantropia, permitiu a construção da bela maternidade “Nhazinha de Barros”, sanando grave lacuna que havia na assistência hospitalar botucatuense. Nhazinha e Tonico de Barros estão com os seus retratos na Galeria de Benfeitores da Misericórdia Botucatuense, o hospital que o inolvidável e humanitário Dr. Costa Leite, imaginou, planejou,  construiu e dirigiu a contar de 1895. Foi o primeiro hospital da sertaneja zona Sorocabana.

                  Conversando com o Sr. Afonso de Carvalho Barros, contou-me  ele, que um outro neto do velho Barros, o funcionário postal João do Prado Barros, faleceu há pouco tempo nesta cidade. Também falou que o Dr. Geraldo da Cunha Barros, um dos filhos vivos de Napoleão de Barros, é advogado em Atibaia, onde é pessoa de prestigio e que o Prof. Artur Chagas Junior foi Delegado do Ensino em Jundiaí.

( Correio de Botucatu – 24/06/1971 )


 
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