76 - “MASTRO” BATTISTON E MAESTRO ANDRÉ ROCHA

 

              Giuseppe Valentino Battiston ( que abrasileirou seu nome para José Batistão ), nasceu em Vazzola, itália, em 5 de maio de 1871. Era filho de Battiston Luigi e Spinazzé Chiara. Veio para o Brasil em 1893. Fixou residência em São Paulo. Por contrato, veio trabalhar na Vila do Bofete, para instalar máquina de café na fazenda do Dr. Eugênio de Camargo, em cujas terras, esse adiantado agricultor fazia prospecção de petróleo.                               

             Terminada sua tarefa, o jovem italiano transferiu-se para Botucatu, então o fim da Estrada de Ferro Sorocabana. Aqui se radicou. E logo se casou ( 1887 ), com dona Ursulina, filha de Ginezzi e Catarina Guazzeli. Poucoantes de suas bodas de ouro, em 31 de maio de 1946, dona Ursulina faleceu. José Batistão faleceu mais tarde, em 27 de abril de 1963,contando  pois  92 anos de idade. Em Botucatu, Batistão trabalhou na construção do grupo escolar “Dr. Cardoso de Almeida”. Como um verdadeiro “mastro”, montou fábrica de carroça, na rua General Telles. Instalou as máquinas da serraria Sant’Anna, da firma Moraes & Margoni, gerindo-a tecnicamente, até se aposentar, quando a serraria era do Deputado Nenê Cardoso.

              Homem bom, simples, vivendo para o trabalho e para a família, José Batistão era muito estimado e relacionado não só na Colônia Italiana, como na sociedade botucatuense. Deixou família que é valor positivo na vida local, com filhos se projetando na vida paulista.

             Do casal Ursulina e José Batistão,nasceram os filhos: Garda,viúva de Vicente da Rocha Torres; Carolina; Elisa, casada com Dionisio Dias Batista; Catarina, viúva de Constantino Delmanto; Dalva,casada com Luiz Reed, residentes em São Paulo; Maria de Lourdes,casada com o Dr. Antonio Domene, Advogado,residentesem São Paulo; Dirce, casada com o Dr. Elias Saliba , Cirurgião Dentista em Botucatu; Luiz, casado com a Profa. Helena Baddo Batistão; Genésio, casado com Rosa Ribeiro, residentes em Santos; José, casado com Julieta Rodrigues do Lago, residentes em São Paulo; Jairo, casado com Rosa Mansur, residentes em Caçapava (SP); Carlos, casado com a Profa. Tereza Lacorte, residentes em Botucatu; Dario, já falecido, que foi casado com Iolanda Fraile, que reside em Botucatu. O velho Batistão, ao falecer deixou 13 filhos, muitos netos e bisnetos, constituindo-se num patriarca, respeitado e estimado na cidade que ajudou a construir e viu crescer e civilizar-se.

             Seu filho Luiz Batistão, um dos bons valores botucatuenses, é alto funcionário do Ministério da Fazenda, como Delegado Seccional do Imposto Sobre a Renda, em Botucatu. Idealista, lutador, venceu na vida, graças aos seus esforços e espírito combativo. Companheiro do Padre Euclides e Dr. Silvio Galvão, na “A Cruzada Brasileira”, leal companheiro de lutas políticas na democratização e renovação partidária para o “Bem de Botucatu”, Diretor da Misericórdia Botucatuense e braço forte na Vila dos Meninos da Sagrada Família, Luiz Batistão é um cidadão prestante e bom.

             Carlos Batistão, Contador, é alto funcionário do Ministério da Fazenda. Seu cunhado, o Dr. Antonio Domene, Foi Delegado do Imposto Sobre a Renda em Taubaté. Jairo Batistão, fêz parte da Força Expedicionária Brasileira, na segunda grande guerra mundial. Nos campos de batalha na Itália, onde a FEB cobriu-se de glórias, o jovem Jairo ganhou os galões de Tenente do Exército Nacional.

            Dona Garda Batistão, foi casada com Vicente da Rocha Torres, o popular Vicentinho, que foi Gerente dos Cinemas botucatuenses, hoje de propriedade da Empresa Peduti. Vicente da Rocha Torres muito folgazão, temperamento boêmio, pertencia a uma família de músicos. Deles menção especial merece o maestro André Rocha, seu tio.

            André Rocha tem seu nome numa das ruas de Botucatu. Não foi político e nem Capitão de indústria. Não foi milionário e nem grande filantropo. Foi simplesmente um artista. Um músico notável. Verdadeiramente um maestro. Conhecia a divina arte como poucos. E dentro de sua simplicidade e modéstia, era admirado pelo povo de Botucatu. Que o diga o Vicente Moscogliato, seu companheiro na Orquestra do velho Casino, onde tocavam verdadeiros professores de  música, sob a regência do notável pianista Luiz Cardoso.

            André Rocha não era botucatuense nato. Mas o era de coração. Nascera em Araritaguaba, hoje Porto Feliz. Moço, veio para Botucatu, acompanhando sua irmã dona Mariquinha Rocha (a popular  Nhá Luca), viúva de Francisco Torres. Do casal Torres, conheci os filhos: Tenente José da Rocha Torres, o popular Zelão, Tabelião em Botucatu; Alcides, Tabelião em Agudos; Vicente, empresário cinematográfico; Lurdina, que foi casada com o Deputado Antonio Cardoso do Amaral ( Nenê Cardoso ). Todos são falecidos. A jovem teatróloga Leilah Assumpção ( seu nome real é Maria de Lourdes Torres de Almeida Assumpção ), filha do Professor Salvador Assumpção, é sobrinha neta do maestro André Rocha. Leilah, confirma que o talento artístico se transmite hereditariamente.

            O maestro André Rocha, vicentino convicto, espírito profundamente religioso, faleceu há tempos. Está sepultado em Botucatu.

 

( Correio de Botucatu – 12/08/1971)


 
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