86 - OS  PRIMOS DO MARECHAL DE FERRO

  

             Floriano Peixoto, o Marechal de Ferro, Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil, tinha parentes em Botucatu. Eram eles Manoel de Marins Peixoto e seus descendentes. Gente da velha cepa lusitana, que implantou raízes nestes Brasís imensos.

             Manoel de Marins Peixoto era tropeiro. Trazia tropas do Rio Grande do Sul para vender na feira de Sorocaba. Também pegava carregamentos no porto de Santos – sal, arroz, charque, roupas, ferragens – e no lombo de burro, distribuía pelo sertão afora, abastecendo os núcleos sertanejos que iam se formando. Já em 1860, Manoel de Marins Peixoto andava por aqui. Viera da terra, Tatuí, já casado, muito moço. Gostou da zona. E fincou o pé no pequeno Botucatu, que era então um lugarejo em expansão. A cidadezinha só contava com o largo da Capela de Sant’Anna ( hoje Praça Coronel Moura ), a rua do Curuzu, que era então a rua do Comércio, e mais algumas casas espalhadas pela vizinhança.

               Do seu casamento com Gertrudes Antunes de Oliveira, houve Manoel de Marins Peixoto os filhos, botucatuenses, Augusto e Silvério, este falecido sem deixar descendentes. Um fato curioso assinalou a chegada do tropeiro em Botucatu. Um seu irmão, voluntário a muque, fez a guerra do Paraguai. Tomou parte na célebre Retirada da Laguna, integrando a famosa coluna que realizou verdadeira epopéia, em meio de combates e doenças. O relato deste homérico feito militar, é lido nas escolas militares da Alemanha e do Japão, como exemplo de heroísmo, estoicismo e bravura, numa guerra mortífera, que se travava em condições adversas para o Brasil.

             Manoel de Marins apesar de tropeiro,  gostava de lavouras. Por isso foi Administrador de Fazendas, entre elas a grande propriedade agrícola de Bráz de Assis Nogueira. O pioneiro Manoel de Marins Peixoto ( que os descendentes reduziram simplesmente a MARINS ), andou por certo por outras paragens,deixando a marca do seu nome, de homem lutador e honesto. É assim que se pode explicar o nome de “Rua Manoel de Marins Peixoto” na cidade de Boa Esperança do Sul, a não ser que houvesse um homônimo por lá. Faleceu em Botucatu aos 82 anos de idade.

              AUGUSTO DE MARINS PEIXOTO nasceu em 1867. Casou-se com Amélia Pereira de Souza. Desse casamento nasceram os filhos: Benedito, Joaquim, Lázaro, Ernestina, João ( falecido ), Augusto, Agenor e Alice.  Foi negociante e homem de importância no Velho Botucatu. Tido e havido como homem bom, era possuidor de apreciável cultura para a época. Autodidata por excelência, tinha bom português, traduzia o francês e como praticante da escrituração mercantil, revelava bons conhecimentos de matemática. Era dono de inteligência elevada, dom que legou aos seus descendentes, pois a inteligência se transmite hereditariamente.

                Augusto de Marins Peixoto, por certo militou em política. Mas nunca disputou cargos eletivos ou executivos. Gostava de lavouras. No fim da vida, tornou-se lavrador, sendo dono de um sitio na Prata ( hoje Pratânia ), e da fazenda Aterradinho. Era cafeicultor e pecuarista, atividades seguida pelos filhos. Faleceu aos 82 anos de idade. Ele e a esposa foram sepultados na velha Prata, onde, na época vivia o negociante Francisco Ferrari, o popular Chico Italiano, um veneto bem humorado, trabalhador e decidido. Veio para o Brasil como imigrante. Na Prata, depois de pagar sua quota de sacrifício na lavoura cafeeira, tornou-se negociante. Prosperou. Enriqueceu. E criou a filharada – cinco mulheres. As moças, bem educadas e bonitas, foram se casando com os filhos dos fazendeiros da terra. Assim, Alice casou-se com Alfredo Paes de Almeida ( o Mimi ); Izabel foi casada com Joaquim Marins; Maria é casada com Lázinho Marins; Amábile é esposa de Waldomiro Godoy; e Marcelina consorciou-se com Nicanor Godoy, sendo ambos falecidos.

                Benedito Marins, residente em Avaré, casado com Constância Garcia Pereira, é comerciante, sendo seus filhos: Mauro, Comerciante; Zeni, Oficial do Registro Civil de Avaré; Alberto, Professor Secundário; Irineu, Securitário; Hélio, Contador; e Jurandy, Professor Secundário.

                Lázaro Marins, lavrador e pecuarista, residente em Botucatu, é pai da Professora Secundária Marilena Marins, casada com Roque Roberto Pires de Carvalho, residentes em São Paulo. Ernestina Marins é casada com José ( Juquita Alves Machado ); Augusto é casado com Noêmia de Assumpção Ferreira; Agenor, casado com Geny Gonçalves; Alice, casada com Juvenal Floriano de Toledo.

              Joaquim Marins, comerciante em Botucatu, é viúvo de dona Izabel Ferrari. Seus filhos são: Francisco, Advogado e escritor; Padre José Marins; Profa. Amélia, casada com Nésio Alfredo, residentes em São Manuel; Profa. Maria Aparecida, casada com Zilo Butignoli, residentes  em Botucatu.

             O Dr. Francisco Ferrari Marins, casado com dona Elvira Bandeira de Mello, é membro da Academia Paulista de Letras. Com uma bagagem de várias dezenas de livros, publicados em português, espanhol e inglês, campeão da literatura infanto-juvenil, é considerado um dos expoentes da “intelligentaia” brasileira. O Padre José Marins é figura exponencial do clero nacional. Faz parte do CELAM e como secretário adjunto da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil desenvolve intenso trabalho de renovação cristã, estando no momento na Colômbia, depois de ter estado na América Central. Tem bagagem literária publicada sobre assuntos sociais e religiosos.

 

( O Correio de Botucatu – 16/10/1971 )


 
<< voltar