96 - ITALIANOS  DA  VELHA GUARDA

 

                   Desde 1880, Botucatu foi um dos grandes núcleos italianos na terra bandeirante. Dos peninsulares da velha guarda, vou focalizar hoje os Bertocchi e Stefanini.

 

ELDERICO   BERTOCCHI

                 Também chamado Enrico ou Henrique Bertocchi, nascido em Pontremoli, província de Massa Carrara, aos  06 de fevereiro de 1882, menino ainda, veio para o Brasil. Aqui se fez homem. Casou-se. Prosperou. E se tornou chefe de estimada família. Faleceu aos três de março de 1940. Bertocchi veio para o Brasil com seu tio Carlos Sordi. Residiram inicialmente na Vila dos Lavradores, que estava começando a crescer.

                Casado com Herminia Mori ( nascida em Potremoli aos 03 de outubro de 1881 e falecida em Botucatu aos 17/08/1937 ), iniciou suas atividades como carroceiro, transportando café do Pardinho para Botucatu. Ainda como carroceiro, contava, puxou areia e tijolos para a construção da Escola Normal, hoje IECA, isto em 1913-14. Morou, de começo, na Boa Vista. Depois  transferiu-se  para o Bairro Alto. Construiu um prédio para comércio e residência, ali na rua Cap. José Paes de Almeida, antigamente rua Dr. Ritt. Ao lado do armazém ficava o jogo de “boccie”,  aliás muito concorrido. Bertocchi tornou-se importador de vinho, azeite, queijo, farinha de trigo, conservas, etc., vindos da Itália, pois no Brasil não se produziam tais artigos.

                O jogo do “boccie”, não era a dinheiro. O perdedor pagava em mercadoria, principalmente vinho e queijo, ou em saborosas “pizzas”, em que a casa era afamada. O consumo do vinho era enorme. Semanalmente, uma cartola ou quinto de vinho ( cem litros ), era bebido nos almoços e partidas de boccie. Nas comemorações do XX de Setembro, era uma coisa louca. Esgotava-se o estoque da praça. . . No tocante a alimentação – copa, pancheta, cudiguim, presuntada, macarronada com a poma-róla in gopa, etc. – a excelente comida italiana, regada a vinho ( um cruzeiro velho por litro ), faziam as delicias dos Menegon, Durante, Titon, Benato, Fioravanti, Bertani, Dinucci, Carlos Corsi, Pedretti, Magnani, Forti, Roder, Trevisoli, Stocco, Losi, Lecióli, Balestrim, Bertagna, Di Folco, Contim, Rafanelli, Cechetti e tantos outros, que se empenhavam a fundo nas partidas de tre-séte, escopone e briscola. Cabritos à “cacciatore”, também não faltavam para os gastrônomos.

               Bertocchi, foi dono da fazenda Bocaina. Mais tarde comprou uma serraria em Presidente Wenceslau. Visitando sua propriedade na Alta Sorocabana, perdeu-se na mata virgem. E durante três dias, até ser encontrado, viveu momentos de medo e tristeza, naquele ambiente de onças e cobras, bugres e mosquitos, altamente perigosos.

               Bertocchi e dona Hermínia, deixaram os filhos INÊS, casada com Antonio Stefanini, do qual houve os filhos Hilda, Hélio e Heraldo, sendo que dona Inês faleceu em 05/05/1939; Anunciadina, casada com o falecido Gino Cavalini, é mãe de Irineu e Renato, este residente em Avaré; Alcides, casado com Bianca Di Folco, tem os filhos Elderico, Contador, e a Professora Nancy, casada com o médico Dr. Olavo Delmanto; Antonio casado com Laureana Lorenti; Iracema, casada com Antonio Amat, sendo os últimos residentes em São Paulo.

 

 PEDRO  STEFANINI

                Nascido em Bologna aos 05/06/1875, faleceu em Botucatu aos 10/10/1962. Foi casado com dona Carlota Zerbetto, nascida em Veneza, aos 27/05/1879 e falecida em 11/05/1962, sendo o casamento realizado em nossa terra em 24 de dezembro de 1900. O feliz casal comemorou bodas de diamante, o que pouca gente consegue.

               Pedro Stefanini que viveu toda sua vida “brasileira” em Botucatu, aqui foi carpinteiro, marceneiro e construtor. Espírito progressista, montou uma fábrica de móveis, muito afamada, e que até agora funciona, sob a direção de seus filhos.

                 Pedro Stefanini,  gozava de grande prestigio na Colônia Italiana, a tal ponto,  que durante quarenta anos exerceu eficientemente, o cargo de Agente Consular Italiano em Botucatu. Pelos relevantes serviços prestados à Colônia Italiana, foi agraciado pelo governo da Itália, com a medalha “Stella Della Solidarietá Italiana”, isto em 17/07/1959, juntamente com outro agraciado, o botucatuense Emílio Peduti. Foi um festão a entrega dessas medalhas honoríficas. Compareceu o ministro Franco Fontana, representando o governo italiano. A sociedade botucatuense, pelas suas autoridades e elementos mais expressivos, prestigiou a solenidade. Houve sessão solene na Câmara Municipal. E num grande banquete, o orador oficial, foi o brilhante médico e beletrista Dr. Aleixo Delmanto.

              O casal Stafanini deixou os seguintes 9 filhos: Antonio, casado em primeiras núpcias com Inês Bertocchi, da qual houve os filhos Hilda, Hélio e Heraldo; em segundas núpcias com Santa Geraldini, da qual houve os filhos Carlos e Maria Amélia. Natalina, casada com Caetano Danziato, do qual houve os filhos Waldyr, Professora Wilma e Wilson, químico industrial. Irene, casada com o Professor Mario Cacace, do qual houve os seguintes filhos: Paulo Sérgio – Contador; Ivo Roberto, Contador; Céres, professora; Mirtes, Professora, e João, estudante. Dante, casado com Carmem Lima, da qual houve os filhos: Celina, Professora; Regina, Professora; e Dante, estudante. Aldo, casado com Alice Ignácio, da qual houve os filhos: José, Cecília, Pedro, Marisa e Luiz,  todos estudantes; Orlando, casado com Edith Carvalho, residentes em Curitiba; Profa. Odila, casada com Benjamin Nicolau, residentes em Manduri; Inês e Noêmia, solteiras, residem em Botucatu.

 

( Correio de Botucatu – 11/12/1971 )


 
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