98 - OS QUE VIERAM DE SÃO PEREGRINO

  

             Família tradicional na Vila dos Lavradores,  é a dos Lunardi. Gente que impulsionou decisivamente o progresso botucatuense. Foram pioneiros da indústria local. Constituíram autênticos valores, que devem ser focalizados nestas evocações, para conhecimento da geração atual.

           Os irmãos Virgínio e Mansueto eram italianos. Naturais de São Peregrino in Alpes, Província de Luca. Moços,  vieram para o Brasil. Para o Estado de São Paulo. E aqui em Botucatu se fixaram, ramificando-se em numerosas famílias, cujos descendentes estão por aí, atestando que os “velhos” foram elementos positivos na vida local. Mansueto e Virgínio dormem o sono eterno na terra que escolheram para berço dos filhos, netos e bisnetos, que, em grande número constituem a linhagem dos Lunardi. Seus nomes figuram em rua e praça pública da cidade, como reconhecimento ao que fizeram.

 

CAVALHEIRO VIRGÍNIO LUNARDI

            No fim do século passado, o moço Virgínio Lunardi, já casado com a patrícia Stela Paolini, chegou a Botucatu. Juntamente com um irmão ( prematuramente falecido ), iniciou atividades comerciais.Em 1911, com a chegada do irmão Mansueto, os dois Lunardi alargaram seus negócios. Enveredaram para a indústria e subsequentemente para a lavoura. E prosperaram. No “Almanaque de Botucatu” de 1920  há referencias ao Empório “Apeninos”de Virgínio Lunardi e Irmão; ao Curtume Vitória, de Virgínio Lunardi & Cia; ao Açougue da Liberdade, de Lunardi & Fialdini; à Grande Fábrica de Massas Alimentícias – Torrefação de Café e Fábrica de Banha Refinada, de Lunardi & Cassetari; Máquina de beneficiar Café e Algodão ( São Pelegrino ), de Lunardi & Cia; Sociedade Anonima Botucatuense, serraria.

           Mais tarde, Virgínio e Mansueto adquiriram as fazendas Boa Vista e São Bento ( café e pecuária ), e mantinham campos de cooperação ( produção de sementes ), com o Governo de São Paulo. Essas atividades foram complementadas, posteriormente, por agências de automóveis e distribuição de filmes, bombas de gasolina,etc. . . aqui e na alta Sorocabana.

          No seio da Colônia, Virgínio  era um líder. Durante longos anos foi Presidente da Sociedade Italiana de Beneficência. Foi agraciado pelo governo italiano com a comenda de Cavalheiro Uf. Da Coroa da Itália. Em avançada idade, em 1933, faleceu o Cav. Virgínio. Sua viúva faleceu em 1939. Ambos estão sepultados em Botucatu. Deixaram os filhos:

          Luciano, casado com Etelvina Santini; Oliva, casada com o Mestre Pedro Chiaradia, o decano dos jornalistas interioranos,agraciado com a medalha “Couto de Magalhães”, pelos serviços prestados ao país; Margarida, já falecida, que foi casada com Leopoldo Bechelli, sendo mãe do Professor Lunardi Bechelli, opopular “ Maestro da Vila”; Oswaldo, Contador, Ex-Vereador, rotariano dos bons, ex-presidente do Aeroclube local e do Centro Cultural de Botucatu,casado com Olga Donini; Ana Clementina Virgínia (Déia), Professora,casada com o Contador Waldomiro Pires Correia; Rolando Aristides Armando ( o Ary ),casado com Inês Ayres. Ary e Déia são italianos e os demais são brasileiros, botucatuenses. Netos, bisnetos e trinetos do Cav. Virgínio,  são numerosos. Um deles, o Dr. Virgínio José ( neto ) é médico, e o Primo Virgínio é universitário. Os netos Inocente e Fulvio Chiaradia são homens de empresas, e as netas Lívia, Eda, Vera, Lourdes e Mirna Chiaradia, são Professoras, bem como Lina e Lana Lunardi.

 

CAVALHEIRO  MANSUETO LUNARDI

          O jovem Mansueto Lunardi deixou a Itália em 1911. E veio se reunir ao mano Virgínio com ele se associando. Logo se casou com Maria Carmelo, da veterana família Carmelo, tradicional no antigo Bairro da Estação.

         Mansueto Lunardi era o braço forte da casa. Ativo, dinâmico, de visão larga, colaborou em muito para o engrandecimento da firma Virgínio Lunardi & Irmão. Por morte do irmão mais velho, assumiu a chefia e levou a bom termo sua tarefa, revelando-se um capitão de indústria. Faleceu aos 25 de janeiro de 1961, aos 80 anos de idade. Está sepultado na necrópole local.

         Mansueto Lunardi, Cavalheiro Uf. Da Coroa de Itália, era um líder da Colônia Italiana e gozava de prestígio em todos os meios sociais. De seu casamento com dona Maria Carmelo ,  também falecida, deixou os filhos:

         Ferdinando, lavrador, casado com a Professora Maria Eulália César ( Lalica ); Demade Nelson, industrial, Vereador à Câmara Municipal de Botucatu em três legislaturas, casado com a Professora Dulce Porto Rodrigues; Dr. Clóvis Milton, Engenheiro, residente em Curitiba, casado com a Professora Nilza Santos; Maria Odette, Professora, casada com Antonio Figueira; Cleonice Carlota, Professora do Ensino Industrial, residente em Ipaussu.

         Netos e bisnetos do Cavalheiro Mansueto, em grande número, residem em Botucatu, onde são Professores, pecuaristas, comerciários, industriários e estudantes. Tenho lembrança das senhoras Maria Alcina e Leila César Lunardi, que são Professoras do Ensino Secundário; do jovem Mansueto César Lunardi, que é aluno da Escola Superior da Agricultura de Viçosa, Minas Gerais. 

       ( Correio de Botucatu – 18/12/1971)


 
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